Que tal dançar com o erro?

 Que tal dançar com o erro?


O case de Alexandre Frankel, 38 anos, proprietário da Vitacon tem chamado a atenção do setor imobiliário por apostar em empreendimentos que partem de 14 metros quadrados e vão até 60 metros quadrados. A Vitacon tem trazido visão diferente de como se levar uma vida urbana mais prática e compacta. Desde 2009, Já foram lançados mais de 40 prédios só em São Paulo. E lendo sobre a maneira como esse cara se movimenta, me deparei com a frase: Dance com o seu erro! E me pareceu muito mais leve e até “motivador”, do que apenas ver o erro como algo ligado a aprendizado. Como se pudéssemos olhar para ele apenas uma vez ou se tivesse apenas um sentido... o de mostrar que nos enganamos.

 

Refletir essa frase me trouxe memórias de quanto me custou errar em determinadas situações. E dançar com o erro me pareceu algo mais consciente e acolhedor. Menos desgastante. Porque lógico, geralmente, exercitamos o acerto. Fazemos coisas pensando em experiências e movimentos que gerem resultados positivos em torno dos nossos propósitos.

 

Enquanto o Frankel comenta essa frase, ele conta trechos da trajetória comercial em que errou, fala do aprendizado e de como soube trabalhar a situação como trampolim para melhorar. Daí pensei que talvez seja mais interessante ao invés de reduzir o erro ao aprendizado que vai corrigi-lo, ampliar as possibilidades em torno deste. Ou seja, flertar com as possibilidades geradas, mesmo que negativas.

 

Que loucura pensar em aproveitar possibilidades negativas não é? O Negativo está sempre ligado ao que não surte efeito, que seja controverso, prejudicial. Mas se repassarmos a estrutura do sonho, esmiuçar aonde faltou energia, aonde sobrou, quais pontas estavam soltas, aonde faltou conhecimento e após árduo processo de análise nos sobrarem uma perspectiva que aponte para o grande desafio que é pensar diferente, então nós não só chegaremos ao passo de corrigir o erro, se for possível, como avançaremos para questões que antes do erro não existiam.

 

A sacada está aqui, não é só contornar o que pode dar errado, é partir para o teste, querendo acertar, mas se der errado... dance!

Você concorda que não temos uma cultura de lidar com erros de maneira mais profunda? Usar o erro apenas para não bater cabeça não seria um desperdício de esforços que foram utilizados ali antes da coisa dar errado?

 

Pense comigo: todos os processos que conhecemos e que nos norteiam em termos de viver a vida, trabalhar na vida, crescer na vida, estudar na vida (a redundância é mesmo proposital), trazem parâmetros de como fazer isso muito bem. De como alcançar boas experiências e os melhores resultados. O número um é o que mais acerta, é o que atinge os objetivos que nos levam a patamares mais evoluídos. Ganhamos estrelinha na escola pelo acerto e pelo erro?

 

Quantas vezes você teve medo de fazer uma pergunta na sala de aula, numa reunião, etc e sentiu constrangimento de falar algo errado? Se você não passou por isso, ótimo, mas você não seria a regra. O lugar do conhecimento é aquele em que construímos a partir do que não sabemos aquilo que gostaríamos de dominar e ser bons.

 

Então, pensando assim, por uma questão de lógica, logo percebemos que não fomos criados para dar errado, para errar. Pensa você no colo da mamãe e do papai lá na maternidade dizendo: “que errinho bonitinho, vai errar na vida vai? É o bebezinho errante da mamãe e do papai”. Enfim, crescemos então, geralmente, nos cobrando a atingir o que é considerado como sendo o melhor. E somos orientados a lidar com a derrota, com o segundo lugar, porque o importante é participar. Mas, na prática não é bem assim, e é daí que temos que partir. Se não é assim que tal ressignificar esse processo e tirar proveito disso?

 

E em algum momento das nossas vidas, cada um atinge maturidade emocional seja porque alcançou determinada fase, porque aconteceu ou se viu obrigado. O provérbio popular: “não se chora o leite derramado”, sempre martela na minha mente quando erro. Ou seja, derramou e pronto, o leite não volta ao recipiente, não nos restam alternativas a não ser aceitar. E aí começamos a ver nossos erros como questões a serem esquecidas, corrigidas e não questionadas.

 

À Clarice Lispector é atribuída a frase: "passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar". Compartilho com vocês a minha ânsia de dançar com o erro. Ter o hábito de pensar diferente. Talvez o erro seja algo incorrigível, mas quem sabe é possível construir algo a partir dele. Portanto, quero mudar esse gatilho.

 

Sim, às vezes é possível começar de novo. Corrigindo erros? Talvez. Ou apenas mudando de caminho, transformando o trajeto. E quem sabe realizando algo a partir dali.

 

Pego o gancho na história contada sobre as tentativas de Thomas Edson ao tentar inventar a lâmpada. São vários relatos os quais li de vários autores com números diferentes. Em alguns ele tentou 1.200 experimentos para criar a lâmpada, outros até 9.999 vezes, mas o importante aqui é compreender que na visão dessa figura ele não via essas tentativas como erros, mas como descobertas de maneiras de como não fazer uma lâmpada. Talvez possamos denomina-lo como grande exemplo de persistência.

 

Nesses últimos dias, percebemos nas nossas empresas que erramos num processo, pois apostamos em algo que por seis meses consumiu esforço e não deslanchou. O investimento foi baixo, então, erramos barato. Em cima disso, compreendemos alguns mecanismos, uma determinada ordem de fatores e confirmamos que a ideia havia sido mal desenvolvida e que será necessário um pouco mais de investimento, mudar determinados pontos e tentar mais uma vez (ou mais algumas vezes) ao dançar com esse erro, buscar aquilo que é viável.

 

Porque pode ser que nunca seja 100% redondo, pode ser que ao longo do tempo possa precisar de novos processos de melhorias e que essas aspas nunca se fechem. E se por acaso surgirem mais erros, a ideia é mais uma vez olhar para ele pormenorizadamente e buscar alternativas para fazer melhor sem se culpar por ter tentado. Dançar com o erro significa evitar a cobrança extrema, buscar referências ou uma inspiração, trabalhar o medo de errar, buscar amadurecimento, fortalecer e aumentar a autoestima.

 

Dentro deste prisma, tenho me dedicado a aprender e a me policiar, principalmente, a ser cuidadosa com as expectativas e idealizações, entretanto, sem perder o otimismo e fé que me movem. Porém, aceitar que o erro é uma das possibilidades de qualquer feito, mesmo que evitemos considerar tal aresta.

 

Faço votos para que assim como eu, você busque dançar com seu erro. O ritmo da música? Ninguém melhor do que você para dar o tom.

Ariane Galdino, jornalista, empreendedora e curadora do blog. - 20/09/2020

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