Mexendo no guarda-roupa essa semana encontrei um vestido que eu mesma costurei, é do curso de costura que fiz há três anos. Nunca mais criei uma peça, era uma tentativa. Quem poderia garantir que naquele curso eu iria me encontrar? Ninguém, e não aconteceu. 

Na primeira tentativa de alinhavar um viés eu já sabia que o grande encontro com o meu eu não aconteceria ali, talvez fosse legal por algum momento, em alguma situação, aprendizados nunca são demais, mas não era a grande paixão. E como descobri isso? Tentando.

Lembro-me de no mesmo ano iniciar uma loja virtual de acessórios, era tudo tão promissor. Iniciei comprando brincos para revender, alguns meses depois já possuía minha própria confecção. Participei de muitos eventos, feiras colaborativas, e grupos de empreendedorismo feminino.

Consegui aumentar o meu mix de produtos, comecei a vender roupas também, confesso que durante muito tempo vi aquele negócio como o meu verdadeiro propósito de vida. Mas infelizmente não foi bem assim.

Em paralelo a tudo isso, eu levava minha vida profissional em total desencanto, me formei em Publicidade e Propaganda em 2017, e até então nada me brilhava os olhos. Empregos tóxicos, salários baixos, chefes abusivos, e alta demanda de trabalho. Naquele período eu odiava minha profissão, odiava tudo aquilo que não fazia sentido para mim. 

Até que eu decidi me ouvir, ouvir o que o meu coração dizia de fato, e não o que as pessoas diziam sobre mim. E foi então que em 2019 eu tomei uma das decisões mais importantes da minha vida: saí da CLT. Era chegado o momento de me enxergar como profissional, entender de fato o meu propósito e o que eu era boa em fazer. 

Muita coisa aconteceu nesse caminho, insegurança, medo, falta de grana, mas uma das coisas mais incríveis que me aconteceu, foi eu ter descoberto que não odiava minha profissão. Na verdade, eu estava insatisfeita com as condições que me eram oferecidas, e foi então que eu descobri poder muito mais. E isso foi LIBERTADOR. 

Às vezes algumas tentativas e desistências podem ser vistas como fracassos ou falta de foco, pode até ser que em algumas situações seja, mas prefiro ver pelo lado de descobertas.

Quando tentamos, descobrimos o que de fato é, ao idealizar o emprego perfeito, o curso dos sonhos ou a pessoa amada, não temos real noção do que de fato é viver aquilo. Ao tentar, descobrimos que talvez tivéssemos razão em almejar tanto, porém, da mesma forma, podemos descobrir que aquilo nunca foi nem de perto o que realmente pensamos que seria. 

Tentamos escrever a vida de diversas formas, em cursos, profissões, empregos, amigos, viagens, amores. E nem sempre acertamos, mas talvez aí esteja o grande sentido, talvez seja em uma dessas novas costuras ou remendos que encontramos o caminho que nos faça mais feliz. Quem sabe seja nessas iniciativas momentâneas que nós descobrimos o valor e o sentido de estar vivendo?

Achar graça e ver sentido nas tentativas torna os acertos mais saborosos. Que me perdoem as grandes conquistas, mas a verdade é que o caminho para chegar até elas são o que faz a história mais bonita. 

Mas talvez ninguém te conte, ou eu te conte agora. Tente, mude, vá, e escute o seu coração.