Quem é você em meio a toda essa problemática?  Continuação.

Quem é você em meio a toda essa problemática? Continuação.


No último artigo publicado no blog.crisjoias.com.br em 13/05/2020 intitulado Você está preocupado com o desfecho de 2020? Encerramos o texto com a seguinte pergunta: Quem é você em meio a toda essa problemática? E gostaria muito de desenvolver um pouco mais esse tema, porque ele não é e nem será encerrado tão cedo, não é verdade? Estão nos faltando prazos para que saibamos quando acabará a pandemia, quando teremos vacina ou um tratamento testado corretamente para Covid-19, para entender até quando o governo colaborará com todos, até quando a reserva de quem a tem vai suportar, até quando conseguiremos gerar receitas, quando as crianças voltarão às escolas como são e como as mesmas serão, e por aí vai.

 

Com certeza, você acrescentaria outras dezenas de questões para as quais não temos prazos, obviamente, não tem sido possível definir o tempo certo para que as coisas aconteçam em todos os âmbitos sociais, seja educação, saúde, entretenimento dentre outros.

 

Em agosto de 2019 a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) juntamente ao SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), com apoio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) fizeram uma pesquisa para saber se os brasileiros conseguiam fazer reservas. O resultado foi que 7 em cada 10 entrevistados na época “reconheciam não ter capacidade de lidar com imprevistos financeiros”.

 

Mas, isso não é algo tão fácil de pensar ou julgar. A pesquisa revelou também que a “situação financeira de 63% dos entrevistados acaba controlando a sua vida em algum grau e 19% admitem que tem deixado a desejar o cuidado com suas finanças”. Falta preparo financeiro para lidar com a situação e também sobras, digamos assim, para que entrem na sessão reservas do nosso caderninho de contas. Então, é algo que precisa ser repensado por todos nós, mas também relevado em termos de cobrança pessoal do que poderíamos ou não ter feito, certo?

 

Nessa linha de raciocínio, pergunto: chegamos a um lugar de caos? E agora? Não tenho reservas e como faço para sobreviver à tormenta? Ou, tenho reservas, mas não me sinto criativo e proativo para lidar com a situação. Saiba que agora é a hora mais do que nunca de tentar se reorganizar. Nem tudo está perdido, só fora do lugar. Não é hora de idealizar quando a pandemia vai terminar, que quando terminar as pessoas vão mudar hábitos, que se não tivesse acontecendo isso seu negócio estaria deslanchando ou você estaria sendo promovido. Seja realista, questione-se e se estruture. Não tenho receita, não seria tão pretensiosa, mas partilho com você como tenho lidado nessa fase com  tantos movimentos inesperados.

 

Primeiro mentalmente, porque a preocupação com as dívidas é real, conseguir vender seu produto, serviço ou manter o emprego é real. E isso é complexo e afeta a nossa saúde mental e física. E não tem fórmulas mágicas, mirabolantes, fáceis, receitinhas. Existem possibilidades, ferramentas que podem estar sendo subutilizadas na sua trajetória como, por exemplo, as tecnológicas. Entretanto, estamos tão na zona de conforto que o resultado que conseguimos a partir do arroz e feijão nosso de cada dia dá pra ir levando.

 

As escolas são um belo exemplo disso. O Ensino à Distância (EAD) surgiu em 1904. Você sabia disso? Eu não. Mas, pesquisando aqui para não falar besteiras, vi que em 1904 as pessoas aprendiam datilografia por correspondência, aí veio a minha memória o telecurso 2000, se você não se lembra ou nunca ouviu falar, busque no google e dê uma revisada. O aluno estudava por aulas veiculadas na televisão, e vi nessa busca tantos outros cursos que eram possíveis e são possíveis via correspondência – que na época eram as cartas e atualmente e-mails, rádio e TV. E hoje o EAD é difundido via todas as ferramentas tecnológicas possíveis, desde sua instauração pelo Ministério da Educação ainda em 1996.

 

Pois é, nesse momento em que você está lendo esse texto, temos um professor se desdobrando para “inovar” no ensino à distância. Mas, aqui não cabe uma crítica a esse sistema de ensino que é válido, proveitoso e dá resultados, apenas uma observação de que estamos utilizando ferramentas que já existiam, não tem nada sendo inventado agora (ou tem? Eu quero saber). Quantos comércios estão inovando linguagens para se comunicarem on line de maneira mais acolhedora? Isso se chama inovar, e essa palavra nos remete ao sentido de renovação, restauração, “fazer algo como não se fazia antes”, assim diz no dicionário.

 

Então, estamos num momento de olhar ao redor o que precisa ser organizado ou reorganizado: rotina de casa, estudos, atitude no trabalho, organização empresarial, dívidas, necessidade de se fazer um aporte ou empréstimo. Quais são as dívidas? Quais são as possibilidades de renegociação? Fugir dos juros altos ou simplesmente não pagar juros são as melhores opções. Precisamos apenas de muita lucidez ao tomar qualquer decisão.

 

Quem é você nesse momento de crise? Aquele que se perde nos pensamentos e não consegue correr atrás de outra coisa que não seja o rabo? Ou você é aquele que já parou e se organizou para enxergar bem os pontos problemáticos, os seguros e as maneiras de buscar solução? Posso dizer que desde o início dessa crise, tenho feito e refeito estratégias, porque tudo tem mudado rápido, mas já aceitei a realidade.

 

Uma grande maioria está em situação de vulnerabilidade porque não tem as benditas reservas. Então, a ordem é criar receitas, gerar renda. Seu nome está negativado? Escutei isso de uma consultora financeira: ótimo, bom que você não poderá fazer mais dívidas.

 

Se pararmos e utilizarmos a nossa capacidade de resiliência que já nos impõe receber a realidade como é, aceitar e colocar as nossas crenças em ação, então já temos forças para manter as pernas eretas e andando. Em que eu acredito? Sempre me faço essa pergunta.

 

E todas as vezes me lembro de Lewis Caroll (pseudônimo), dono da fantástica mente que escreveu Alice no país das maravilhas. A personagem de Alice narra no livro que todo dia antes do café da manhã pensa em seis coisas impossíveis de se acontecer, talvez buscando sanidade ou lutando para não duvidar da sua capacidade de realização. Em outro momento da história é o Gato, personagem enigmático, que diz que as coisas só são impossíveis se acreditarmos que são. Ou seja, existem saídas possíveis, e ainda parafraseando o livro, “depende de para onde você que ir”, palavras ditas ainda pelo gato.

 

No livro, Alice realiza as seis coisas que ela julga serem impossíveis. E sempre me vejo pensando no que julgo impossível de realizar e reflito que me dedicar a apenas uma coisa seria difícil de acontecer! Bom, na nossa vida real o que julgamos ser impossível muitas vezes não o será, apenas se passa por intangível em alguns momentos.

 

Então, busquemos sanidade e lucidez, é o que tenho aprendido nessa minha caminhada como empreendedora e ser humano. Depois que conseguir se organizar mentalmente e também ao colocar tudo no papel, aí sim, faça um planejamento para compreender para onde você que ir. Confesso, que fiz e tenho refeito semanalmente essa análise. Revendo estratégias, testando estratégias até para assimilar se a missão do nosso negócio tem um sentido maior e se estamos conseguindo entregar o que a gente propõe.  

 

Se você acha que a falta de dinheiro é uma dificuldade e que talvez um empréstimo ou aporte resolveria seus problemas, pense se você se emprestaria esse dinheiro. Ouvi isso de outro consultor, e fez muito sentido! Ele queria que eu dedicasse um tempo a projetar resultados e, principalmente, me provocar a respeito do quanto eu acreditava no negócio da minha família e nas capacidades de realização que meu sócio e eu possuíamos. Talvez essa pergunta também lhe caiba.

 

Ok, aceitamos a situação, realmente é complicado para todo mundo, então vamos pensar em soluções. A minha experiência tem sido cortar gastos, controlar finanças, renegociar tudo, repensar formas mais baratas de vender meu produto entregando o mesmo nível de qualidade ou melhorar essa entrega, manter o melhor relacionamento com a minha equipe e fornecedores. Continuarei ponderando essas coisas, pois acredito que com ou sem pandemia, mas enquanto for empresária esses comichões nunca passarão.

 

Não sabemos como será a recuperação, entretanto acreditamos em uma retomada pós-pandemia, lembrando que não acho uma hora propícia para discutir um “após”, com tantas mortes, tanto sofrimento e incertezas. Mas, nós vamos querer sair de casa, trabalhar mais relaxados, levar as crianças pra passear, consumir sem neuras e tantas outras circunstâncias que nos fazem falta. Existe uma parcela sem reservas, mas existe uma parcela que ainda consome.

 

Então, só prevendo essa luz que nos faz sentir até mais quentinhos diante desse tempo de inverno, pare para olhar o seu negócio e canais de comunicação ou escoamento de produtos e serviços. Se é colaborador, verifique o seu desempenho ou se pretende se tornar empreendedor – revise todos os pontos do seu projeto. Se quer desenvolver atividades beneficentes, compreenda como impulsionará e movimentará pessoas, como fará desague dessas doações e prestação de contas. Enfim, cada um de nós sabemos a dor e delícia de ser o que somos como diria Caetano Veloso, por isso, consideremos todos os pontos que circundam os nossos desejos, cuidemos da nossa mente e da saúde dos nossos, e claro, projetemos um futuro sempre. Não apenas idealize, sonhe estruturadamente e nunca deixe de refletir quem é você em meio a qualquer situação. A ordem é sair do pânico para ver melhor.

 

 

Links Fontes:

http://site.cndl.org.br/56-dos-brasileiros-nao-conseguem-aproveitar-a-vida-pelo-jeito-que-administram-seu-dinheiro-revela-indicador-da-cndlspc-brasil-2/ acessado em 19/05/2020.

CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas. São Paulo: Martin Claret, 2007. Título original em inglês: Alice’s Adventures in Wonderland (1866).

Ariane Galdino, curadora do blog. - 22/05/2020

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