Faça o negócio acontecer e aprenda com o processo

Faça o negócio acontecer e aprenda com o processo


Geralmente, as pessoas seguem um passo a passo quando imaginam abrir um empreendimento ou ampliar o mesmo. Em contrapartida, outras abrem empresas sem pesquisa, sem conhecimento, sem prever despesas, problemas, objeções do mercado e clientes, renegam o valor da experiência, por isso, tornam-se até presas fáceis para os abutres que rondam o mercado. E tem também aqueles que fazem o caminho inverso, eles não partem em busca de uma ideia de negócio porque já têm algo na mão e colocam pra rodar com base no que conhecem e recursos que disponibilizam, é quase um “vou com a cara e a coragem porque nem tenho muito a perder”.

 

 

Várias são as teorias e pensadores que nos falam sobre essas questões. Alguns dos conceitos tratados por Kotler (1997), estudioso da área de economia e marketing trazem uma visão sistemática de vários fatores que devem ser levados em consideração nesse processo de amadurecimento empresarial que visa a realização de etapas que encaminham a tópicos maiores de análise de negócio como:  segmentação, público alvo (targeting) e posicionamento (Teoria STP), além dos seus desdobramentos, todo um processo antes de dar à luz, ou melhor, acender as luzes do seu novo negócio. É bem tradicional e muito utilizado.

 

 

Mas então, pela teoria de Kotler, a coisa de empreender começa bem redonda. Consiste então em idealizar um plano de negócio bem realista, cheio de pesquisas e valores palpáveis, afinal, prever o futuro é o melhor dos mundos. Mas muitas vezes nos deparamos com cenários que trazem parâmetros imprevisíveis, cheios de pontos cegos, não é mesmo? E cada um vê de uma maneira. Para algumas pessoas isso significa que é hora de acender a luz vermelha apontando para o famoso: PARE! Ou luz amarela, que pelo menos indique redobrar a atenção. Outros indivíduos recebem uma descarga maior de ânimo e acionam uma vontade incrível de seguir. Explico.

 

 

Quando penso em empreender linko ao sentimento de paixão, aquele fogo todo que vem, te impulsiona, você idealiza e realiza. Sim, às vezes essa paixão nos leva a pular etapas importantes que nos aprofundariam na relação para saber realmente aonde pisar dentre outras metáforas amorosas. E é aí que você se vê no meio de um pedido de casamento na porta do busão, na praça ou no supermercado, e com três semanas de namoro apaixonado começa a prever a cor dos olhos dos seus três tão “pouco” planejados herdeiros. E pode dar certo? Claro. Como julgar o contrário?

 

 

Mas julgamos, não é verdade? Porque criamos durante todos esses séculos da humanidade padrões de vida social e familiar, que atualmente, transitam e evoluem. Logo se supõe que após esse casal se conhecer e se conectar no amor, este se casa, tem filhos, trabalha para a manutenção da vida destes até que se tornem adultos e possam voar só para que trilhem trajetos dentro dessa mesma perspectiva de padrão até que cheguem aos seus netos. Mentira?

 

 

Conheço pessoas que se sentem mais seguras ao trilhar caminhos já percorridos, parece-me que muitos se sentem assim, é meio que um consenso meu, já que não encontrei uma pesquisa para embasar essa opinião, então se você se sentiu julgado, saiba que isso também se trata de uma humilde autoanalise.

 

 

Aprendemos com os contos de fada que toda historinha possui princípio, meio e fim. E isso não é uma discussão simplista, isso ainda é muito real. O final feliz sempre é o mais cobiçado, quem joga pra perder? Bem, depende de qual seja o interesse. Mas enfim, isso é idealizar além dos parâmetros mais comuns da humanidade, entretanto, é só para refletirmos que existem variáveis relacionadas a qualquer que seja a aresta das nossas vidas. E talvez estejamos desvalorizando possibilidades que fujam do trivial, que apresentem desordem ou falta de linearidade, simplesmente porque se afastam do que entendemos como situações seguras e menos arriscadas.

 

 

Porque a verdade é que os moldes estão por aí, e adoramos criar moldes, modas, linhas de raciocínio mais complexas ou muito simplistas. Tenho aprendido no meu processo de amadurecimento enquanto empreendedora que mais do que olhar para os lados preciso me concentrar também na minha pessoa. “Um olho no rato e outro no gato”. E aí encontrei na Teoria Effectuation posicionamentos que fazem sentido na minha trajetória. Essa teoria traz um veio de quebra de paradigma de alguns processos que valorizam a previsão e nos motiva a cocriar um futuro, ou seja, pensar na coisa realizada e fazer acontecer com o que tem em mãos.

 

 

As teorias causam olhares diferentes dependendo dos recortes que fazemos, ou dos contextos nos quais as aplicamos, por isso todos os anos temos teses e dissertações de inúmeras pessoas que defendem e produzem novos pontos de vistas acerca de teorias e mais teorias. Isso é um movimento global. Portanto, não espero que concorde com a minha visão, mas faço votos de que essa seja uma provocação para o seu olhar.

 

 

Com tantos padrões, formulários, check lists que são replicados e se tornam modelos a serem preenchidos por pessoas que têm motivações internas diferentes e que por isso, podemos dizer que são singulares. Afinal, se eu disser para um grupo de pessoas para fecharem os olhos e imaginarem uma cadeira, o mínimo que posso concluir é que cada pessoa pense em estruturas ou modelos de cadeiras diferentes. E aí vão entrar vários porquês de qual o processo de imaginação de cada um para que se chegasse ao seu modelo ideal de cadeira. E surgissem pensamentos parecidos teríamos outras temáticas para discutirmos, “daria pano pra manga”.

 

 

Quando discutimos padrões de como se fazer um negócio girar, de fazer o marketing digital fluir, as receitas serem maiores do que as despesas, dentre outros, precisamos nos atentar que o estalo que fará toda a engrenagem se mover, que recepcionará as teorias e as transformará em práticas será um indivíduo com toda sua peculiaridade. Ou seja: “cada um é cada um!”, palavras da minha finada sábia sogra (memorável).

 

 

Não estou tentando desconstruir modelos de como se pensar e constituir uma empresa, geralmente, não só indico como utilizo essas ferramentas porque elas oferecem alto valor para performar as práticas empreendedoras de maneira mais analítica, seguindo determinados trajetos. O plano de negócios, o planejamento de comunicação interna e externa, pensar a logística dos canais de vendas, são exemplos disso, e fazem muito sentido.

 

 

O que estou querendo dizer é que existem algumas receitas de bolo, porém é o capital humano e a maneira como são executadas que determinará o resultado, ou seja, as pessoas ainda fazem mais diferença do que qualquer elencado de técnicas (graças a Deus!). Precisamos apenas refletir as quebras de padrões. E sim, dar o braço a torcer para o fato de que muita gente que se afasta da linearidade dos processos se dá muito bem, e isso ocorre porque algumas pessoas aprendem e apreendem com o percurso.

 

 

Elas aprendem porque adquirem conhecimento que pode ser logo no início ou ao longo do caminho e apreendem porque ampliam a capacidade de compreensão dos processos de tal maneira que ao invés de delinearem ou limitarem seus movimentos para alcançar suas metas, elas conseguem desenvolver outras várias estratégias que apresentam variáveis criativas e diferentes de como iniciar ou mesmo ampliar um negócio.

 

 

Na teoria de Kotler, o indivíduo faria um caminho mais longo, o qual teria mais certezas do que incertezas (estamos falando no campo das ideias), gastando mais tempo e talvez mais recursos para atingir ou criar um modelo de negócio.

 

 

A teoria Effectuation, de Saras Sarasvathy, professora da University Of Virginia, baseia-se no que você sabe, quem você é, na relação com as pessoas que conhece (olha o networking aí minha gente!), na criatividade em lidar com o inesperado e não menos importante, considera os recursos que possui. Resumi drasticamente aqui os pilares propostos por Sara (vale a pena buscar sobre o assunto e aprofundar), nas palavras dela e traduzidas para o português seriam essas 5: “piloto de avião, perda acessível, manta de retalhos, limonada e pássaro na mão”. Exemplificarei adiante.

 

 

Na teoria de Kotler se algo der errado no meio do caminho, pode ser que (gosto do “pode ser que”, porque o mundo é uma caixinha de surpresa e dizer que vai ser porque vai é minimizar demais o poder do universo e a competência das pessoas), enfim, pode ser que o resultado dos passos Kloterianos dos quais falamos lá atrás dê errado, justamente porque o método pensa previsões. E algo no processo não dialogou com o restante.

 

 

E aí Saras Sarasvathy aborda dentro de suas análises um conceito que conheci em 2019, num evento sobre espiritualidade e física quântica (sim, eu curto essas coisas) que é o ponto de cocriação. Que seria o ato de manifestar os nossos desejos através de algumas atitudes. Que tal cocriar ao invés de prever? Cocriar acontece a partir da soma de comportamentos, atitudes e da intenção em materializar sonhos.

 

 

Desde quando tive contato com essa prática passei a pensar as coisas já acontecendo e concomitante a isso as ações vão sendo desenvolvidas, elas fluem, porque passei a valorizar o processo mesmo que de olho na meta. Criei o hábito de desenvolver as ideias mais objetivamente porque percebi ao ser influenciada por temas e discussões sobre o fato de que testar barato faz muito sentido e que se der errado, o prejuízo pelo menos é mensurável.

 

 

Veja se entendeu o que você sabe sobre aquilo que lhe causa paixão e o induz a realizar coisas que o fazem feliz. Isso pode ser o seu ganha pão e pode dar muito certo gerando bons frutos. Você precisará de métricas e dados? Claro, indicadores são importantes para mensurar o tamanho de cada vitória.

 

 

Mas a experiência, o feeling, o fato de aprender com os erros e acertos do processo, de ser criativo em combater as objeções que nos surpreendem e mais, de ser capaz de se adaptar e readaptar de acordo com o andar da carruagem são atitudes que podem fazer de nós vencedores. Porque simplesmente, respeitamos o que somos, valorizamos o que temos e acreditamos que é o nível de dedicação que desempenhamos na manifestação dos nossos sonhos em realidade que definirão a realização daquilo que almejamos de verdade.

 

 

Se você tem paixão por algo, deseja desenvolver uma atividade que na sua visão pode ser uma das suas razões de viver, e ao vivenciar essa experiência você obtém a certeza de que sim, é isso mesmo, você tem grandes chances de ter encontrado seu propósito, seu lugar no mundo. E que massa!

 

 

Lembro de um filme de 1987 – eu tinha uns 5 anos quando foi lançado, mas devo ter assistido na adolescência, porque me vieram muitos elementos à memória. O nome do filme é  “Presente de grego” com Diane Keaton, que herda um bebê de um casal de primos que morrem em um acidente, o que faz sua vida virar do avesso, afinal, estava tudo planejado e previsto: ela que era um mega executiva de sucesso em Manhattan e atingiria um alto cargo na empresa em que trabalhava.

 

 

Ao se envolver com a bebê e assumir os afazeres ela é mandada embora da empresa e se refugia no interior, lá ela além de encontrar um grande amor, aprende a fazer limonada com os limões que a vida lhe deu, ou melhor, a fazer papinhas com as maçãs de Vermont, cidade para a qual se muda. Aqui vão os exemplos sobre a teoria Effectuation.

 

 

Ela agarrou o pássaro que tinha na mão para se sustentar, afinal fazia a papinha mais deliciosa de Vermont. Agia como um piloto de avião, focada no que tinha ela cocriou o futuro, e sua noção de perda se mostrava acessível já que as primeiras papinhas vendidas já faziam parte do vasto estoque de papinhas da bebê. Ela ofereceu as papas aos amigos recém-feitos, escoou em pequenos empórios pela cidade, influenciou pessoas, agrupou adeptos e outras que se juntaram ao processo, o que é um dos pilares da teoria - a manta de retalhos, e tentou a sorte com os recursos que tinha para auto sustentação. Sabia fazer a melhor papa, entendia de gestão, negociação, comunicava bem, pensava boas estratégias de divulgação, tinha uma rede de conhecidos, já tinha a garotinha propaganda.

 

 

A personagem trazia o estereótipo de uma pessoa que era acostumada a obter sucesso porque exercia alto grau de dedicação, logo a produção aumenta e ela se vê prestes a reviver o ciclo de vida agitada e exaustiva de Manhattan que tinha como objetivo central ganhar mais dinheiro. E aí o filme se desenrola com várias reflexões acerca do valor negativo que atribuímos ao dinheiro e como é importante avaliarmos e aprendermos com os processos que vivenciamos. Uma comédia romântica deliciosa de se assistir, muito leve que nos faz pensar que para manifestar riqueza em nossas vidas precisamos fazer as pazes com o dinheiro para que a coisa flua.

 

 

Enfim, usei esse exemplo porque com um roteiro menos criativo que tivesse o intuito de abordar um cenário mais tradicional para trazer contextos da época, a personagem de Diane Keaton, faria todo o caminho de previsibilidade de mercado para pensar um produto com o qual pudesse aproveitar os movimentos de consumo da época e fugir da possível recessão que despontava nos EUA em meados de 1980. Compreendeu o percurso tradicional? Siga o raciocínio: identifico uma oportunidade, penso no negócio, crio estratégias com base em projeções, aprendo sobre negócio, executo plano de ação almejando dominar o mercado e obter sucesso com o resultado do negócio pensado lá no início.

 

 

Camarada, resumindo esse mundo de analogias que utilizei na intenção de trazer você comigo nessa reflexão: Faça o negócio acontecer, teste barato, use o que tem (ainda mais em tempos de pandemia), dedique-se, use sua rede de amigos, família, faça parcerias, entenda o mundo digital - você não precisa executar ações tecnológicas se tiver como contratar alguém que o faça, mas se lembre que falamos aqui de testar barato, mas se for um sacrifício que não esteja disposto a fazer talvez valha a pena investir em mão de obra especializada. Mesmo porque, precisamos entender o significado disso no contexto atual e, principalmente, porque é um caminho sem volta.

 

 

O seu trabalho é influenciar pessoas a trabalharem COM você (e não pra você), fazer com que o consumidor opte pelo seu produto ou prestação de serviço não só porque você sabe o propósito do seu negócio mas porque as pessoas começam a participar do processo – se faz sentido pra você, vai fazer para aquele que conseguir influenciar. E você segue ganhando parceiros e mais pessoas agregam valor.

 

 

E esse agrupamento de pessoas diferentes, singulares, afinal, como diria a sabia Noé Mendes esse “cada um, cada um” gera um ambiente de coletividade cheio de ideias singulares, que com certeza é mesmo o que prega Saras Sarasvathy: “A inovação está dentro do processo porque você e todas as outras pessoas são únicas e é assim que criamos coisas novas”. E por fim, não menos importante, fica a dica: aprenda e apreenda com o processo do seu negócio. E como dizia minha mãe: “sebo nas canelas”, afinal, era o pássaro na mão dos corredores que queriam sair em disparada (reza a lenda, é claro hehe!).

 

 

Esse é só mais um olhar acerca das tantas possibilidades que circundam a mente criativa dos empreendedores. Espero ter iluminado por aí!

 

 

Refrências:

https://www.napratica.org.br/como-funciona-effectuation-logica-empreendedora-que-tomou-o-mundo/

www.adorocinema.com.br

https://youtu.be/rCnfsjKaLis

Ariane Galdino, jornalista, escritora, empreendedora e curadora do blog. - 18/04/2021

Comentários


Maria José Soares

Meu comentário é que eu vendo semi-joias a mais de 15 anos deu uma parada por mais ou menos 3 anos agora voltei a comprar na Cris joias eu sou aqui de sete Lagoas as peças são maravilhosas são peças ótimas vendo para os meus clientes nunca tive problema nenhum já tem uns 4 anos que eu estou vendendo pretendo continuar muito mais tempo

18/04/2021 21:35

Crisjoias

Maria José, agradecemos seu carinho. Somos parceiras! Valeu demais.

20/04/2021 02:46

Alcindo Júnior

Nunca a velocidade da mudança foi tão grande, e hoje precisamos muito nos capacitar muito para o êxito familiar e profissional, pois as alterações comportamentais da sociedade e dos meios tecnológicos, estão causando impactos, barreiras e muitos conflitos ! Literalmente " é um olho na situação e outro na reação. "

18/04/2021 23:35

Crisjoias

Isso mesmo Alcindo! Agradecemos sua contribuição. Você é um parceiraço!

20/04/2021 02:46

Gilmar Chagas

Perfeito texto!! Parabéns Ariane! É bem assim mesmo empreender.

18/04/2021 23:49

Crisjoias

Valeu Gil pelo apoio de sempre!

20/04/2021 02:45

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Conheça um pouco mais da história da Cris Joias e do nosso Blog Há 27 anos no mercado, a Cris Joias solidificou uma trajetória de empreendedorismo e referência na venda de joias, relógios e semi-joias e mais do que isso, na maneira como oferece experi&e...
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