Ano novo - velhas ou novas profecias, escolha a sua!
Não é de hoje que crises acontecem no mundo e no Brasil sentimos muito não só os efeitos negativos da pandemia como também de outras situações globais como alta de dólar, inflação, desacordos diplomáticos e por aí vai. Mesmo assim, aguardamos fechar o ano com a economia em crescimento já que estamos em ritmo de retomada.
De acordo com o relatório da GEM 2020, o número de empreendedores iniciais motivados por necessidade saltou de 37,5% para 50,4%, o mesmo nível de 18 anos atrás. O programa de Pesquisa GEM que é uma avaliação anual do nível nacional da atividade empreendedora avalia cerca de 55 países em todo mundo anualmente, esses dados estão disponíveis no portal https://ibqp.org.br.
De acordo com o relatório e outras pesquisas realizadas em parceria com a FGV, a queda de faturamento que chegou a 70% em algumas empresas e isso colaborou para o fechamento de muitas, inclusive, as que detinham maior experiência de mercado por estarem abertas há mais tempo.
Em meio ao caos as coisas estão se ajeitando de um lado e de outro, muitas estatísticas e números, além de opiniões diferentes de especialistas espalhados para todos os lados. Mesmo assim, assistimos o gigante tentando se reerguer.
Entre cenários bons e ruins, são tantos eventos fora do nosso controle, mas que de alguma maneira aparecem como lidos e compreendidos em telas planas de laptops viciados em providenciar a previsibilidade para nos deixar afoitos, sempre à espera de algo que está para acontecer. Mas, graças a Deus muitos de nós ainda sentimos para que lado o vento vai e buscamos intuir os nossos caminhos e controlar a ansiedade em meio a tanta especulação.
É assim que nascem empresas, pessoas se superam, a indústria inova, a prestação de serviço se reinventa, o colaborador decide exigir mais humanidade nos contratos de trabalho e os contratantes compreendem que é hora de mudar. É em meio ao descontrole social e diante da nossa falha humana em querer prever totalmente o devir, que as melhores surpresas trazem a esperança que nos guia em busca de sobrevivermos aos micros e macros movimentos econômicos, políticos e sociais.
E para além dos tantos especialistas e acadêmicos tenho visto empreendedores ligados sem perderem de vista o cenário macroeconômico e, principalmente, o seu próprio. Empreendedores que examinam cada aresta e que não só observam os movimentos econômicos, mas que não esperam acontecer e agem não só de acordo com a demanda, mas saem de suas caixas em busca de superação.
Então, te convido a pensar algumas coisas que têm me absurdado desde que comecei a ler o livro Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos de Nassim Nicholas Taleb. E que também são resultados de muitas conversas aleatórias com empresárias e empresários dos mais diversos segmentos.
Questiono-me se existe um momento em que devemos olhar apaixonadamente para nosso negócio, ou se devemos pensar quando foi que olhamos assim para ele? Penso também se existe a época de analisar detalhadamente cada tomada de decisão ou se é comum dançar conforme a banda que passa. Aonde estamos com a cabeça de deixar a coisa rodar sem supervisão? Quando é que nos sentimos confortáveis para tirar os olhos do negócio, bater na bundinha dele e dizer: _vai filhão, voa... que vou tirar uns dias sabáticos?
Uma grande amiga, Cybelle Medrado, sócio-proprietária da Mecanicar, Mecânica e Centro Automotivo me trouxe esse lampejo: será que devemos olhar para o nosso negócio com carinho e afinco apenas quando a coisa estiver ladeira abaixo? E a partir de análises superficiais do muito que já vimos até aqui como colaboradoras, empreendedoras e pitaqueiras de plantão, arriscamos concluir que talvez muitos de nós, talvez até os mais sortudos acordem pouco antes do topo da descida da ladeira.
Enfim, fica a dica que tempo, ação e investimento são cativos e apropriados a todo momento de serem dispensados aos nossos negócios.
Mesmo com o clima de retomada ainda vemos indústrias e comércios encolherem, tornarem-se tímidos, derraparem para fora da curva de crescimento atrelados a cenas caóticas de uma economia cada vez mais frágil, que se move a cada mínima incerteza. Para os que são pequenos, a ordem é não se sentir tão pequeno diante do mercado. Quem abre um negócio, cria mais uma vida, mais um impulsionador de sonhos, alimentador de famílias, arrimo de indivíduos que ali ou a partir dali vão produzir. Sinta-se poderoso ou poderosa.
Cada centelha de empreendedorismo necessita ser valorizada e esse valor deve nascer junto com o negócio, não é necessário vir externamente de entidades bem intencionadas claro, mas que não dão conta dos números de corajosos que se arriscam cada vez mais ao acreditarem que podem ser donos de seus próprios narizes. Muitos conseguem de maneira estruturada e outros esquecem que precisam estar preparados.
Sabe aquele papo de autoestima e amor próprio? Pois é, isso tem tudo a ver com os nossos negócios. A energia precisa estar dentro, a vontade de ser diferente, de aprender e de se despontar diante de outros deve estar dentro. Existem tantos aparelhos públicos e privados de capacitação, existem sim, cursos, minicursos, workshops, consultores, oficinas, e-books e mais e-books, e daí? Se não houver motivação interna diante das incertezas e para buscar capacitação, as tomadas de decisões não acontecem.
Sem mais delongas, é o seguinte, 2022 vem aí... E se começar bem, já é. Analistas dizem que mesmo com a retomada o possível crescimento de 5% com o qual finalizaremos 2021 chegará mais ou menos 1,4% no ano de 2022. Se não for, o que faremos? Nos desbaratinaremos diante do presente? Atiraremos para todos os lados, faremos de tudo um pouco e bem pouco porque não acreditamos na constância, afinal, ser constante cansa e exige preparo e é por isso que muitos desistem rápido.
Quando estudamos aspectos do empreendedorismo brasileiro enxergamos de longe vários problemas estruturais, dentre eles a falta de olhar mais amplo por parte das esferas públicas, altas taxas tributárias, créditos e incentivos que não chegam aos micros, pequenos e muitas vezes nem aos médios empresários, muita burocracia, a eminente possibilidade de fechar e enterrar seu investimento, enfim, cabe uma lista que vai de falta de investimento na formação de empreendedores até flexibilização de políticas de trabalho que merece maior visibilidade para que não seja tão desafiador empreender no Brasil. .
Existem entidades como as Associações Comerciais e Câmaras de Dirigentes Lojistas que tentam organizar de certa maneira coletivos que buscam incentivos para empreendedores. Existem algumas entidades que apoiam empreendedores sociais, temos o Sebrae, que é uma entidade privada que incentiva o desenvolvimento sustentável de muitas empresas. Mas, o Brasil é grande minha gente e é necessário constância em ações e olhos voltados para pontos cruciais que afogam empresários micros, pequenos e médios que buscam subsídios muitas vezes voltados para poucos. Indivíduos que ainda não compreendem o valor da formação para lidar com os altos e baixos do mercado.
As burocracias são diversas e advindas de variados setores dos quais nem com 80 anos de vida empresarial saberia listar, mas ouço falar sobre várias, muita falação, muita midiatização e vejo muitos ficarem para traz e sucumbirem às faltas. O que sobra então? O que gera aquilo que surpreende: quem coloca a alma em jogo, como Taleb descreve em Anti-frágil.
Portanto, está aberta a temporada de profecias 2022, o que virá hein? Novas cepas? Programas infundados de governos extremistas? Olharão mais para o empresariado que segue segurando a onda? Vai ter reforma tributária ou não? Ou o mercado de ações vai rachar ao meio? O que confesso, não seria má ideia, uma vez que o mercado financeiro faz a roda girar como quer e os pequenos mal conseguem acompanhar o mais simples dos processos.
Enfim, 2022 está aí... e nós estamos como hein? Que tal olhar logo aí pra dentro, fazer um estoque SAUDÁVEL de suprimentos e entender que dentro dos nossos quadrados somos imbatíveis quando sabemos bem aonde pisar e para onde ir. E não se esqueça de lembrar de quem está e vai com você. No sistema capitalista que vivemos senhoras e senhores, que é o único que conheço bem e há 39 anos, não existe esse negócio de deixa eu parar aqui e respirar, porque a engrenagem não para de movimentar.
Sejamos práticos e ágeis como o ritmo atual exige de nós, saibamos quando e como arriscar e que possamos entender de uma vez por todas que ser coerente com o discurso pode manter as pernas sólidas e robustas. Existem métricas, existem fórmulas e muito papo-furado. Mas, eu fico mesmo é com o olho do dono e sua visão totalitária do negócio que não foi gerado para morrer no parto.
Que passe esse 2021, o próximo ano vem aí mais desafiador do que nunca e talvez nos voltemos mais ao capitalismo consciente, aos coletivos, às entidades que visam a associação de forças em direção a objetivos em comum. Os problemas existem, entretanto, coexistimos há muito com eles. A ideia é crescer o bolo dos que exigem, lutam por políticas nacionais voltadas para o empreendedorismo que envolva setor privado e sociedade civil.
Enquanto o melhor dos mundos não acontece, resta-nos acompanhar e avaliar bem números e comportamentos, amar a marca que criamos, não desgrudar os olhos, reinvestir no negócio, capacitar-nos e também aos colaboradores, fazer muito networking ou que seja netweeving porque é pra frente que se anda. E a classe produtiva desse país sabe disso e precisa se manter aberta, precisa dar valor a capacitação, a informação e ao poder de se posicionar diante e dentro do caos. Se o seu negócio está no início da descida talvez dê tempo de segurar o tranco.
Meu 2022 será regido pelo exercício da ética em sua liberdade e não na ética ajustada aos interesses, além de olhar com ação para o negócio, mirando nos detalhes e na experiência.
Então camarada antes de escolher no que acreditar como profecia para começar 2022, acredite em si mesmo e no seu negócio! Faça diferente e feliz ano novo!
Aloha 2022!
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